2011-02-05

Hoje preciso...


Hoje preciso urgentemente
Refugiar-me na mágica visão do mar
Deitar-me na areia fria e lisa
Fechar finalmente os olhos
E repousar naquela quietude salgada...
Preciso sentir o sol pousar a sua luz
No meu ser perdido e vazio
Ser acariciada pela brisa sedosa
Que me penteia o cabelo
Preciso sem resistência envolver-me
Pelo rumor leve das ondas que chegam
E quase imperceptíveis, transparentes
Desmaiam em silêncio a meus pés
Preciso deixar os grãos de areia
Escaparem ligeiros e dourados
Por entre os dedos da minha mão
Que propositadamente conservo aberta
Preciso seduzir-me com os reflexos prateados
Que um sol dourado espalha largamente pela água
E que docemente são transformados
Pelo barco que indiferente a mim
Passa rumo ao seu porto de abrigo…
Preciso caminhar na rebentação
Pés descalços afundando-se na areia
Sentindo a frescura do mar que dali se estende
E se perde até mundos por mim desconhecidos
Preciso apanhar conchas e búzios
Atirar pedras o mais longe que conseguir
Em jeito de desafio contra o vazio que se vai
E que com tanta força ali me levou
Preciso procurar algum ramo que por ali esteja
E com ele escrever na areia molhada
A palavra Solidão!
Preciso ver o sol majestoso
Desaparecer dourado no horizonte
Derramando tons de ouro e cobre em seu redor
E ao desaparecer completamente,
Colocar um ponto final
Nesse dia que dou por terminado.
Preciso sair dali serena
Em direcção a um novo dia que começa
Disfarçado de noite.

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